domingo, julho 28, 2013

História de Vida de Artur Teixeira da Silva Almeida


Entrevistado: Artur Teixeira da Silva Almeida
Entrevistadora: Anabela de Matos Loução
Local da entrevista: Vila Real
Data da entrevista: 29 de abril de 2011

Identificação:
Nome: Artur Teixeira da Silva Almeida
Nasceu no dia 26 de Março de 1945
Idade: 66 anos
Tem alguma fotografia sua quando era criança? Sim
Pode mostrar-me? Sim
Naturalidade:
Onde nasceu? Vila Real – São Dinis
Local de nascimento: em casa
Lugar de residência actual coincide com o lugar de nascimento ou não? Porquê?
Não. Depois casar mudou de freguesia
Como era a sua família?
Número de irmãos: cinco (duas irmãs e três irmãos)
A sua família tinha uma alcunha? Sim
Qual? Ramalhete
Por quê? O avô era pirotécnico fabricava e lançava foguetes nas festas , sendo bastante elogiado pelos habitantes, pelo efeito visual, daí a alcunha de Ramalhete.
Vida dos pais
Como se chamam ou chamavam os seus pais?
Pai: Artur da Silva Almeida
Mãe: Maria de Lurdes Teixeira
De onde eram? Vila Real
Local de nascimento do pai: Agarez - Vila Real
Local de nascimento da mãe: Ramadas - Vila Real
Sabe em que ano nasceram? Não
Sabe como eles se conheceram? Não
Em que ano casaram? Não se recorda
Tem alguma fotografia do casamento dos seus pais? Não
Onde ficaram a viver? Vila Real
Quantos filhos tiveram? Seis filhos
Qual a profissão do seu pai? Pirotécnico e empregava dezasseis pessoas
Qual a profissão da sua mãe? Doméstica
Dificuldades/ facilidades da vida dos seus pais e da sua.
Não tiveram dificuldades, viviam bem , tinham empregados.
Outros assuntos: época difícil, tempo de guerra, mas não passaram fome nem mal.
A sua vida
O Sr. nasceu no ano de ? 1945
Nasceu em casa? Sim
No hospital? Na maternidade?
Teve possibilidades de estudar? Sim.
Quantos anos frequentou a escola? 4 anos.
Onde estudou? Concluiu em Angola 9º ano.
Seguiu a profissão do seu pai? Ou mãe? Simplesmente ajudava.
Por quê?
Escolheu a sua profissão livremente ou foi imposta pelos seus pais? Escolheu livremente.
Ou pelas circunstâncias de vida?
Como conseguiu os seus empregos? Empregado numa escola de condução e foi empresário , “Auto-Marão” Escola de Condução.
Aprendeu uma profissão? Não.

Foi aprendiz? Foi mestre? Caçador por desporto, peças artesanais, móveis, flechas, revólveres.
Teve sempre a mesma residência ou mudou de lugar?
Por que razão?
Casamento? Sim.

Migração
Migrou para uma cidade? Não.

Emigração
Emigrou para o estrangeiro? Não.

Estado civil
Quando era jovem, como se divertia? Ajudava nas festas e a bailaricos.
Quando e como conheceu a sua esposa/ seu marido? (trabalho, casualidade, vizinhança, família, amigos…) - A esposa, Maria Ester Figueiredo Trindade, conheceu-a numa festa de Vila Nova, ele ajudava a levar o fogo para a festa com 12 anos e recorda a de vestido de bombazina que a mesma trazia vestido (cor de vinho).
Tem correspondência do seu namoro? Sim, quando estava na guerra.
Tem fotografias tiradas durante o seu namoro? Sim.
Quando casaram? Setembro de 1969.
Tem fotografias do seu casamento? Sim.

Filhos:
Número de filhos? Três filhos
Tem fotografias dos seus filhos pequenos? Sim tenho.
Que estudos fizeram? 9º ano de escolaridade.
Guarda os seus diplomas? Não sabe.

Práticas religiosas
Praticava/ frequentava alguma religião? Sim praticava .
Qual? Religião católica.
Andou na catequese? Sim.
Fez as comunhões? Sim.
Tem fotografias da sua comunhão solene? Não .
Fez o crisma? Sim.
Ia nas procissões? Não.
Pertenceu à fábrica da Igreja? Não.
Foi mordomo de alguma festa religiosa? Não
Tem fotografias dessas festas? Não.
Pertenceu a algum grupo da Igreja (JAC, JOC, Cruzada, Lusitos, Legião Portuguesa, etc.)
Memória do Passado
O que recorda de Portugal no período em que nasceu? Período difícil .
(Implantação da República, Regime Salazarista (Estado Novo), 25 de Abril de 1974, Regime Democrático)
Lembra-se do pós-guerra (2.ª Guerra Mundial)? Não.
Como se vivia nesse tempo? Viviam-se tempos difíceis.
Lembra-se como era a vida no período regime salazarista?
Acha que havia falta de liberdade? Sim muita.
E de oportunidade? Também.
Os mais pobres tinham as mesmas oportunidades que os filhos “das boas famílias”? Não tinham as mesmas oportunidades.
Como viveu esse período de repressão?
Algum dia foi interrogado pela PIDE? Não.
Que acontecimentos políticos, sociais vividos no país o marcaram mais?
Como viveu no regime autoritário do Estado Novo? Que tinha como lema “Deus, pátria e família”? Era obrigado a seguir o Regime.
O poder era exercido pela Igreja? Os padres mandavam nas aldeias? Sim.
Lembra-se das actividades desenvolvidas pela Casa do Povo da sua aldeia? Não .
O chefe da família era o dirigente da casa? Sim.
A mulher tinha os mesmos direitos que o marido? Ou não? Não.
O marido era fiel à esposa ou não? Muitas vezes não eram.
A mulher aceitava a infidelidade? Por falta de sobrevivência económica? Pelos filhos? Pelo amor? Sim por ambos.
A mulher era autónoma? Tinha trabalho? Ou era doméstica? Doméstica.
Os casais usavam métodos anticoncepcionais ou não? Por quê? A maioria não era informada.
A Igreja não aconselhava o uso de anticonceptivos, as famílias eram aconselhadas a ter os filhos “que Deus quisesse”. Sim de certa forma.

Opções políticas
Foi activista político? Não.
Pertenceu a algum partido ou movimento? Não .
Esteve preso no Regime Salazarista? Não.
Participou em manifestações? Não.

Foi apoiante do Regime Salazarista? Era anti-comunista .
Pertenceu à polícia política de Salazar? Não.

Guerra Colonial
Esteve na Guerra Colonial? Sim, em 1966 (20 anos) durante dois anos e meio.
Em que colónia? Guiné-Bissau.
Em que data? Maio.
Esteve em combate? Sim.
Lembra-se de algum episódio passado lá? Sim, vários.
Quando voltou da guerra? Dois anos e meio em 1968.
Acha que a guerra era necessária? Não.
Ou foi um erro e um flagelo para a juventude portuguesa? Flagelo.
Ficou com traumas da guerra? Refere que não (mas apercebi-me que sim).
Foi tratado, quando regressou a Portugal? Não.
Guarda fotos e cartas desse tempo? Sim.
Ficou a residir numa ex-colónia?
Constituiu lá a sua família? Não.
Quando regressou? 1968.
Foi difícil o seu retorno a Portugal? Não .
O que lembra dessa experiência? Muito dolorosa.
A guerra colonial: a visão das mães, mulheres, irmãs… Sofriam.
Como mães como viram a guerra colonial? Muita angústia e tristeza.
Como aceitaram passivamente a ida dos filhos para a guerra? Foi difícil a partida.
Como noivas e mulheres como sofreram a guerra imposta pelo regime autoritário de Salazar?
Como irmãs como sentiram o afastamento dos irmãos e namorados na guerra? Sentiram-no com bastante sofrimento.
O que gostaria de dizer sobre esse enorme drama que atingiu Portugal nas décadas de 60 e 70? Não havia necessidade .
Foram milhares de jovens que perderam a vida e outros tantos que ficaram mutilados e muitos ainda que ficaram traumatizados.
Tem alguma história em especial que nos queira contar? Sim, várias histórias.
Referiu algumas experiências traumáticas, uma delas foi quando um dos pelotões, não aparecia há mais de uma semana, o coronel decidiu ir sua procura e quando chegaram depararam com situação caótica, seus companheiros encontravam-se mortos, pendurados pelos pés, esquartejados, sem dedos nem unhas e sem órbitas nos olhos.
Outra das situações que o marcou e sensibilizou bastante foi a morte do seu amigo, o coronel Boavida, que ao detectar uma mina, afastou os seus companheiros e atirou-se para cima da mesma, salvando-os a todos e acabando por falecer.
Embora refira que não possui traumas de guerra e aparente tranquilidade no seu discurso, apercebi-me que não corresponde à realidade, uma vez que se emociona facilmente ao relatar e relembrar episódios marcantes, e na realidade apresenta mazelas psicológicas.
Comparação com o presente
O que lhe parece que mudou? Pensa mudaram para melhor.
No aspecto político: mudança da ditadura para a democracia.
Nas relações homem-mulher: mudança de papéis sociais, mulher trabalha fora de casa, reconhecimento e equiparação dos direitos sociais, etc. Referiu que houve uma mudança positiva no “papel” desempenhado pela mulher.

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